sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Seres humanos

Com dúvidas a respeito de qual seria a característica humana que mais nos afasta dos animais, acabei encontrando o documentário Ilha das Flores, de Jorge Furtado, que já havia visto no colégio. Pra quem ainda não viu, vale muito o tempo.

Nele existe a informação de que os humanos se diferenciam dos animais, por possuírem o telencéfalo altamente desenvolvido e o polegar opositor: um responsável pelo armazenamento de informações e seu processamento e o outro pelo movimento de pinça dos dedos e manipulação precisa de objetos. Esses dois atributos unidos teriam nos possibilitado desenvolver inúmeras benfeitorias à nossa vida, como por exemplo a agricultura, manufatura e o comércio.

Em uma análise mais profunda, baseada no exemplo da sessão espiritual dos políticos corruptos de Brasília, muito além da vantagem da utilização conjugada do telencéfalo altamente desenvolvido e do polegar opositor, a capacidade da auto-manipulação talvez seja a característica humana que mais nos destaca do mundo animal. Os políticos, visto que não sabiam que estavam sendo filmados e portanto seguros da privacidade e da ausência de expectadores, não teriam outros motivos para a manifestação religiosa se não a verdadeira fé naquilo em que se dedicavam. Eles acreditavam realmente que suas ações ainda eram condizentes com a conduta cristã.

Ou seja, como qualquer outro ser humano manipulavam sua própria mente, de maneira a buscar o conforto da consciência em função da conveniência.

Esta capacidade de enganar a si próprio torna o homem adaptável a qualquer dilema psicológico e parece ser o símbolo máximo da evolução, porém mecanismo indispensável para práticas desumanas.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Contradição


A sustentabilidade, de maneira crua, pode ser definida como o ideal de progresso isento de práticas predatórias contra recursos naturais e humanos, utilizando-se desses colaborativamente, garantindo um desenvolvimento mútuo a todos os participantes do processo.

Este ideal, se nos restringirmos somente à idéia, está mais do que difundido em nosso cotidiano, podemos percebê-lo por todos os cantos, desde embalagens pró-ecológicas dos novos produtos até campanhas institucionais dos bancos; mas será este movimento ideológico conseqüência da ação de fato, mesmo que pequena, por mudança?

Diante do último apagão que se instalou em boa parte do Brasil cabe a discussão, pelo menos neste blog, já que o que se viu durante a semana nas mídias de massa foi o foco na dedicação das instituições envolvidas em remeter a culpa a outrem: Furnas, Itaipú, ou Lula? Melhor que fique por conta da meteorologia, da força da mãe natureza! É justo, contra ela não há esforço humano que possa! E que culpa teria esta nossa humanidade perto da força incontrolável da natureza? Nenhuma, melhor mesmo que seja ela a culpada, pois em tempos de falta do que nos facilita, conforta ou diverte, somos insustentáveis no discurso, convencionando-nos da opinião de que são falhos aqueles que deveriam nos abastecer dos megawatts que de modo progressivo consumimos.

Veja bem, o problema não está na evolução da tecnologia ou informação, mas na ausência do debate a respeito dessa relação inversa da evolução do pensamento sustentável com a evolução do nosso modo de vida.

Durante o Blackout, pude experimentar algo inspirador, estava eu em um vagão de trem, e as, em torno de, vinte pessoas, que cotidianamente passariam despercebidas umas pelas outras, conheceram-se, algumas dividindo peculiaridades e angustias pessoais, outras piadas e gargalhadas, mas todos de algum modo, sob a falta do conforto da energia, alcançaram solução nas relações sociais básicas ali estabelecidas.

Visto o acontecido, vale a tese: o apagão pode ter ocorrido não para acharmos culpados, mas para alertar: talvez estejamos muito sobrecarregados!

domingo, 8 de novembro de 2009

Miopia




Sobrevivemos e nos desenvolvemos através das trocas, qualquer maneira de relação social está sujeita a transferência de recursos e bens. E todos, mesmo sem conhecimento da teoria, visam valorizar o que ofertam. Portanto o mercado é factualmente indispensável.

É dentro deste conceito que o profissional de Marketing emerge, para propor algo mais: o caminho inverso, o reconhecimento e análise das necessidades das pessoas para a solução em criação de produtos e serviços mais adequados a elas. Deste modo seria virtuosa a função, porém existem certas adversidades: não cabe ao Marketing criar necessidades e esta é a linha tênue que separa o ético, da ignorância profissional.

Quando esforços publicitários são voltados às crianças, ainda em sua formação pessoal, gerando nestas novas necessidades de consumo ou desejos impostos, esta linha da ética é rompida, junto também à linha evolutiva da função Marketing, uma vez que será agente da negação à vida saudável dos menores e conseqüentemente do porvir do mundo, protagonizando, assim, o comprometimento do seu próprio destino, tornando-se alvo de julgamentos negativos e justos quanto a sua missão dentro da sociedade.

Logo cabe ao novo profissional da área ter como conhecimento básico estes princípios, não só para a manutenção de um mundo melhor, mas para a preservação daquilo que representa como profissional perante o mercado e como ser humano em sua passagem por esta vida.

domingo, 1 de novembro de 2009

O antiquado

De maneira semelhante à iniciativa privada, os políticos também se auto-promovem visando a continuidade ou ascensão de suas carreiras, seja através de propagandas esteticamente atraentes ou ações planejadas de entrega do que é valor para o público alvo (eleitores).

O fato pode ser ilustrado pelo interesse histórico dos governantes na construção das grandes estradas e rodovias, viadutos e pontes, pela alta visibilidade e consequentemente maior valor percebido, porém existem fatores externos que devem ser analisados com minúcia, como transformações demográficas ou socioculturais, movimentos dos concorrentes e clientes, de maneira a reconhecer e acompanhar tendências e mudanças comportamentais importantes.

E qual é a tendência principal do momento? Não será a ascensão do pensamento ecológico? Ou será esta irrelevante? Será que eles a acham irrelevante? Creio que sim. Pois se considerassem a evolução e as proporções que toma o ideal sustentável, identificariam a incompatibilidade da obra de duplicação das marginais com as necessidades e desejos atuais das pessoas. Pois mesmo os motoristas (futuros beneficiados) sabem que vivemos em tempos que não cabem mais incentivos a superpopulação dos carros, que 1,3 bilhões não deveriam ser investidos em ação que prejudica o meio ambiente, e que essa medida é controversa aos seus novos princípios de compromisso com a natureza.

Desfrutarão sim, do benefício em algum momento, vestidos com a fantasia da conveniência, sozinhos em seus veículos onde caberiam cinco e não enxergarão valor.

sábado, 31 de outubro de 2009

O moralista

A universidade, que deveria ser ambiente desenvolvedor de formadores de opinião e vanguardistas de correntes de pensamentos, sofre a mutilação da sua essência pela transformação do seu caráter: de institucional para mercadológico. Sendo ocupada também por perfis condizentes com essa visão, pessoas motivadas por imposições sociais e obrigações mínimas para a inserção nos mercados, em vez de acadêmicos buscando expansão intelectual ou cultural.

Este é um fato que pode explicar o surgimento de casos como o da estudante de turismo agredida moralmente por vestir traje não convencional, casos esses incompatíveis quando oriundos de uma UNIVERSIDADE, instituição que tem por finalidade original propor transcender as fronteiras do conhecimento e conseqüentemente gerar debates construtivos diante de contrastes sócio-culturais e não ser palco de manifestação declarada da falta de senso-crítico ou tolerância, vista pelo condicionamento da população universitária a opiniões moralistas conservadoras, devidas a gerações mais do que ultrapassadas.

Faz-se pois, supor uma estagnação na evolução da existência humana e isto dentro do que deveria ser o ventre do desenvolvimento.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

O moço

Um dia desses um senhor me perguntou: qual a sua idade?
Respondi, e ele disse: eita! Tempo bom que não volta!