sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Contradição


A sustentabilidade, de maneira crua, pode ser definida como o ideal de progresso isento de práticas predatórias contra recursos naturais e humanos, utilizando-se desses colaborativamente, garantindo um desenvolvimento mútuo a todos os participantes do processo.

Este ideal, se nos restringirmos somente à idéia, está mais do que difundido em nosso cotidiano, podemos percebê-lo por todos os cantos, desde embalagens pró-ecológicas dos novos produtos até campanhas institucionais dos bancos; mas será este movimento ideológico conseqüência da ação de fato, mesmo que pequena, por mudança?

Diante do último apagão que se instalou em boa parte do Brasil cabe a discussão, pelo menos neste blog, já que o que se viu durante a semana nas mídias de massa foi o foco na dedicação das instituições envolvidas em remeter a culpa a outrem: Furnas, Itaipú, ou Lula? Melhor que fique por conta da meteorologia, da força da mãe natureza! É justo, contra ela não há esforço humano que possa! E que culpa teria esta nossa humanidade perto da força incontrolável da natureza? Nenhuma, melhor mesmo que seja ela a culpada, pois em tempos de falta do que nos facilita, conforta ou diverte, somos insustentáveis no discurso, convencionando-nos da opinião de que são falhos aqueles que deveriam nos abastecer dos megawatts que de modo progressivo consumimos.

Veja bem, o problema não está na evolução da tecnologia ou informação, mas na ausência do debate a respeito dessa relação inversa da evolução do pensamento sustentável com a evolução do nosso modo de vida.

Durante o Blackout, pude experimentar algo inspirador, estava eu em um vagão de trem, e as, em torno de, vinte pessoas, que cotidianamente passariam despercebidas umas pelas outras, conheceram-se, algumas dividindo peculiaridades e angustias pessoais, outras piadas e gargalhadas, mas todos de algum modo, sob a falta do conforto da energia, alcançaram solução nas relações sociais básicas ali estabelecidas.

Visto o acontecido, vale a tese: o apagão pode ter ocorrido não para acharmos culpados, mas para alertar: talvez estejamos muito sobrecarregados!

Um comentário:

  1. Lindos seus dois últimos parágrafos. Lindo mesmo. Acho que é isso mesmo que a gte tá precisando aprender com isso: mais relação social e aproximação do que indiferença e cada um com suas vidas. Parabéns pelo comentário.
    Natacha
    [ps: sou colega do Manussakis =D]

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