quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

A novela

Partindo do pressuposto de que as mídias de massa são metaforicamente espelhos que refletem a cultura popular, é de se entristecer essa nossa necessidade de consumirmos desastres, conflitos, catástrofes, dor.

Este fato pode ser ilustrado pela insistência do telejornalismo em complementar notícias desgraçadas com depoimentos emocionados das vítimas ou próximos a elas.

Como a cereja que não poderia faltar ao bolo, o sensacionalismo faz da informação uma novela: mesma utilidade pública(entretenimento) e tão contínua e repetitiva quanto; seguem os capítulos conforme uma nova tragédia acontece; mudam os atores, porém o personagem é o mesmo.

O fato é deprimente, e ainda mais quando concluímos que os diretores das veiculações não são os culpados, eles apenas respeitam a função comercial da mídia, adequando a mensagem aos gostos dos expectadores. Nosso gosto! Por destruição e sofrimento.

2 comentários:

  1. Olá Márcio!

    Você escreve muito bem! Parabêns pelo texto.
    Estarei sempre acompanhando e comentando em seu blog.

    Em relação ao tema, a mídia apresenta o que dá IBOPE, se a tragédia ou a desgraça alheia é o que prende a pessoa em frente a televisão, será esse o conteúdo apresentado.
    No Brasil os programas televisivos, de modo geral, são sem conteúdo algum, apenas lançam informações tendenciosas e fazem os consumidores desta aceitar aquilo como verdade absoluta.
    A mídia guia esses telespectadores despraparados como uma grande massa bovina, explorando o sensacionalismo barato e falta de capacidade de pensar de grande parte da população.
    Adicionando à essa receita o gosto pelo sofrimento alheio, temos a fórmula perfeita para o sucesso de um programa.


    Bjo.

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  2. Concordo com vocês.
    Acredito que frente às desgraças que ocorrem, o debate deveria focar a causa e não o sofrimento.
    A televisão deveria dar espaço para propostas de urbanização que evitem enchentes, de programas para diminuir a violência, coisas do gênero. Chorar não adianta.
    Mas é isso... quando criticamos ainda somos tachados de loucos, rebeldes sem causa e coisas do gênero.

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